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Graduando em História - UFS, estagiário no setor de pesquisa - EMSETUR, professor de História - Expocurso e professor de EBD - Assembleia de Deus em Maruim/Se, ainda nesta comunidade protestante, atuo como Cooredenador da UJADEM e secretário da mesa diretora.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

X SEMANA DE HISTÓRIA - 60 ANOS DO CURSO DE HISTÓRIA

INTRODUÇÃO

Durante cinco dias, a saber, de 23 a 27 de maio do corrente ano; o Departamento de História (DHI) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) comemorou seu sexagenário. A comemoração não se restringiu apenas ao DHI, pois, o foco do evento foi o curso de História no Estado Sergipe.

Nesses dias foram discutidos, temas de grande relevância para historiografia sergipana, abordagens que vão, da trajetória do curso durante esses sessenta anos até os dias atuais.

Para os debates foram convidados personalidades como prof. Dr. Durval Muniz de A. Junior (Presidente da ANPUH), a antropóloga Beatriz Góes Dantas (UFS), prof. Eduardo Pina (UFS), Fernando Aguiar (FJAV), e outros.

Foram ministrados mini-cursos durante toda a semana, sempre às 14:00 horas nos auditórios da UFS. Alguns mini-cursos foram: Festas e Cultura Popular: Questões teóricas, metodológicas e estudos de caso; Medeia: relações entre teatro, literatura e história; entre outros. Seus proponentes foram, respectivamente, prof. Dr. Antônio Lindivaldo Souza e prof. Dr. Alfredo Julien.

O EVENTO

Na abertura do evento o professor Antônio Lindivaldo fez uma homenagem aqueles que contribuíram para fundação e manutenção do curso de história ao longo de seus 60 anos.

O professor Dr. Marcus Joaquim Maciel de Carvalho (coordenador do curso de pós-graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE) falou sobre a importância da especialização do profissional na área de história após a graduação. Faz duras críticas ao que hoje se entende por “História Universal” (ainda num tom eurocêntrico) e diz que estudar Sergipe também é fazê-la, apontando como sendo uma problemática e falando também sobre o sistema de financiamento e as vantagens das bolsas. Ele diz que na UFPE já possui 600 (seiscentas) dissertações de mestrado e 200 (duzentas) teses de doutorado e ainda é grande a demanda de pessoas interessadas na pós-graduação. Salienta o treino continuado de alunos e ex-alunos, criticando a maneira que se tem tratado a graduação, como se esta fosse um “colejão”, transformando e trazendo a pedagogia para o curso. Aqui, a pós-graduação busca suprir essa necessidade de aprofundamento cientifico do profissional.

No segundo dia (24/05), além de outros convidados, palestraram as professoras Lenalda Andrade Santos e Maria Nely Santos. Foram abordadas questões como: a criação da Faculdade Católica de Filosofia em 1959, que funcionou no colégio Nossa Senhora de Lourdes, situado à Rua de Campos; o bacharelado de três anos; o desmembramento de História e Geografia em 1963 e a criação da Universidade de Sergipe em 1968. É importante observar que quem fazia História, era obrigatório estudar dois anos de Geografia e ensino Licenciatura curta em Estudos Sociais e plana em história, a vantagem foi o avanço nas pesquisas. Em 1980 foi criado o curso de Bacharelado de História e o Programa de Documentação e Pesquisa Histórica (PDPH). Em 1984 ocorreu o Primeiro Encontro Estadual de História. E em 1991 houve uma aposentadoria em massa, dos quinze professores, sete se aposentaram.

O terceiro dia – quarta feira – foi o dia em que foi abordado textos para história de Sergipe e historiografia sergipana. Terezinha Alves de Oliva falou sobre o livro “Textos para história de Sergipe” que trata a trajetória de Fausto Cardoso. Outros títulos abordados foram: “Os índios em Sergipe” da antropóloga Beatriz Góes Dantas; “Atividades Produtoras” de Maria da Glória Santana Almeida e “Estruturas de Poder” de Terezinha Alves de Oliva.

Quinta –feira (26/05), foram convidados os coordenadores dos cursos de História no Estado, a saber, Lourival Santana Santos (UFS), Fernando Aguiar (FJAV) e Antônio Bittencourt Junior (UNIT), este por sua vez não compareceu ao encontro. Os presentes falaram sobre Projeto Político Pedagógico, currículo, estágio dos docentes, Ensino a Distância, etc. Um dos pontos de contato a ser destacado á a problemática: Que profissional de história estamos formando nas universidades?

No encerramento, sexta-feira dia 27, o prof. Dr. Durval Muniz (presidente da ANPUH) falou sobre as novas perspectivas que devem nortear o curso de História e os historiadores. Com muita propriedade, em sua fala, diz que nós (historiadores) ainda estamos presos à publicação cientifica e à produção de texto exscrito. Teremos que concorrer com o cinema, vídeo, documentário e outras formas de reprodução do passado; afirma Durval. O que precisamos é de “historialistas”. O historiador dominando técnicas de jornalismo, textos narrativos mais rápidos e mais simples, voltado ao leitor médio e não ao leitor especialista. É a historiografia concorrendo com instituições que fornecem o passado. Vale apontar a ascendência de novas linguagens e tecnologias representacionais. Tornar-se nescessário uma mudança nos currículos defasados, ultrapassados; o que se faz são arranjos e acaba por não sair do currículo clássico ou coleta de dados. O historiador deve ser comparado com um tecelão, o nosso oficio é mais artesanal, onde a história em nossas mãos vai sendo tecida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A décima semana de História, promovida pelo DHI, foi de suma importância para o profissional na área de história, seja ele em formação ou formado, desde docente à discente. A visão acerca de nossa perspectiva historiográfica, foi ampliada e amadurecida ao calor dos debates ali fomentados e embasados nas questões já apresentadas neste relatório.

Faz-se necessário um novo olhar sobre o historiador sergipano. Onde este, precisa rever seus conceitos e alargar suas tendas, no que se refere ao fazer história, mas sobretudo, para quem ele quer fazer história.

Ermerson Porto Santos

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Entrevista com a professora Beatriz Góes Dantas

No dia 16 de maio de 2011, durante a aula de Temas de História de Sergipe I, fora exibido um vídeo que trata de uma entrevista com a professora Beatriz Góis Dantas. Esta por sua vez, antropóloga e graduada em história e geografia, ensinou em cursos de especialização em ciências sociais e educação na UFS na década de 1980.
Seu despertar pelo e para o tema indígena surgiu em sala de aula, quando os alunos perguntavam-lhe o que tinha acontecido com os índios em Sergipe, e na época não havia nenhuma bibliografia que tratasse do assunto. No séc. XIX existiam cinco aldeias oficiais de povoação reconhecida e na segunda metade do mesmo séc., essas aldeias desapareceram, e a partir desse questionamento o que aconteceu com as aldeias? Então começou a pesquisar sobre o tema com a intenção de estudar as aldeias, inicialmente escreveu várias monografias sobre a aldeia de Água azeda, aldeia de Geru, aldeia de Pacatuba, aldeia de Porto da folha.
Sergipe sempre foi o foco de suas pesquisas de suas pesquisas, dedicou-se a pesquisar temas diversos, culto afro-brasileiros, as formas da religiosidade popular, artesanato, a etno-história indígena, o folclore e mais recente o artesanato. Desses trabalhos alguns resultaram em livros, a exemplo destes a Taieira de Sergipe, Vovô Nagô Papai Branco, fruto da sua dissertação de mestrado que também virou livro, Terras dos Índios Xocós, entre outros.
Ainda no que diz respeito aos índios em Sergipe, diz que retomou um tema já trabalhado por Felisbelo Freire, que foi o primeiro a falar dos índios, mas argumenta que ele deixou de falar dos índios já no séc XVIII, também destaca Feltre Bezerra, que não se dedicou especificamente a falar dos índios.
 Numa nova perspectiva, Beatriz Góis Dantas se dedicou especificamente ao índio como objeto de estudo, conseguindo responder “o por que” da ausência dos índios no séc XIX, onde os presidentes de províncias começaram a dizer que não existiam mais índios, afirmando eles: se tem é uma população misturada, não há cultura indígena e que não há características dos índios. Simplismente pela cobiça dos fazendeiros de gado que viviam em conflitos freqüentes com os indígenas.
 Dessa forma ela consegue explicar porque não se falava mais dos índios. Além disso, a documentação de sua pesquisa serviu de subsídio junto a FUNAI, numa luta travada em 1970, de antigos remanescentes dos índios xocós da aldeia de São Pedro, para reaver suas terras.
Enfim, podemos observar a grande contribuição da professora Beatriz e sua dedicação e pertinência no que diz respeito à temática. No entanto, ela conclui sua fala dizendo que ainda há muito que pesquisar, os instrumentos e as fontes estão aí e mais acessíveis que antes.